M!CporCoimbra

2006/10/12

Movimento dos Atingidos pelas Barragens (Brasil) visita Coimbra, Almada, Porto e Lisboa

Lisboa, Coimbra, Porto e Almada no “roteiro” das preocupações

Movimento dos Atingidos por Barragens
alerta problemática em Portugal



Depois da escala efectuada na cidade de Estocolmo para várias reuniões com a Sociedade para a Protecção da Natureza (SNF) da Suécia, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estará em Portugal, de quarta-feira a sábado, no sentido de alertar para o problema generalizado existente no Brasil.

Estabelecer contactos e parcerias para combater o flagelo que atinge entre 300 a 350 mil famílias, o que corresponde a cerca de um milhão e meio de habitantes, é o principal objectivo da delegação brasileira que integra Leonardo Bauer Maggi (coordenador do secretariado nacional do MAB) e Maria Auxiliadora Feitosa (responsável no Estado da Rondonia e membro da Direcção Nacional do MAB) - www.mabnacional.org.br.

Tratando-se de uma associação cívica que defende e protege os cidadãos afectados pela construção de barragens pelas hidroeléctricas brasileiras, o MAB já estabeleceu um conjunto variado de reuniões e palestras a desenvolver em Lisboa, Coimbra, Porto e Almada, a fim de alertar e envolver a quase totalidade das associações ambientalistas portuguesas para a problemática brasileira.

Dar a conhecer as origens do movimento, as causas e as actuais lutas que a associação está a desenvolver, bem como as questões da Amazónia e do Rio Madeira, encontram-se no plano de trabalho a executar em Portugal pela delegação brasileira, acções que visam sensibilizar a comunidade estudantil e o povo português em geral.

Refira-se, por outro lado, que o MAB fará toda a divulgação do impacto das barragens do Brasil, elaborando, ao mesmo tempo, a legítima ligação aos problemas existentes nas actuais barragens em Portugal, tais como Alqueva e Sabor.

Face ao gravíssimo problema que atinge hoje 350 mil famílias brasileiras, o MAB está a desempenhar um papel crucial na defesa de quem se viu espoliado dos seus haveres e impossibilitado de remar contra a maré. Procurando dar voz activa no contexto nacional, o futuro dos atingidos do Brasil passa pela defesa intransigente do MAB, trabalhando em prol dos direitos de uma enorme fatia da população brasileira, ou seja aproximadamente de 1,5 milhões de habitantes.

A população, expulsa das suas terras após a destruição maciça das suas casas onde habitavam desde a ditadura dos governos militares, após 1964 até hoje, foi levada para lugares sem o mínimo de condições, quer do ponto de vista humano, quer higiénicas, com a agravante de não possuírem água potável. Trata-se de uma população numerosa que ficou reduzida a praticamente nada, dado que num universo de uma centena de famílias atingidas ficou por receber qualquer espécie de indemnização cerca de 70 por cento, o que traduz bem da trágica situação a que estão sujeitos actualmente.

Face a este desiderato, a população em causa ficou abandonada por sua conta e risco, derivando a partir daqui outro flagelo de proporções verdadeiramente alarmantes: um aumento muito significativo de prostituição e droga, resultante do desemprego em cadeia, levando-a a refugiar-se nas grandes centros urbanos, tais como São Paulo, entre muitas outras. O Mais ridículo, é que 60 por cento dos atingidos não tem direito a electricidade que foi gerada pela desapropriação de suas terras.

Por outro lado, e não menos importante, existem empresas portuguesas também responsáveis por esta situação deplorável e, que, obviamente, motiva sofrimento aos atingidos por barragens no Brasil, nomeadamente a EDP. Tratando-se de uma empresa com capital distribuído entre a população portuguesa, impõem-se a seguinte pergunta: estará o povo português accionista – e não accionista – de acordo como esta forma selvagem de exploração e associada a esta deplorável atitude, com o povo brasileiro?

Programa do MAB em Portugal

Quarta-feira (dia 11) – Lisboa

10h00 – Reunião com a Quercus, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente(GEOTA) e Liga para a Protecção da Natureza, na sede da Quercus no Centro Associativo do Calhau, Bairro do Calhau, Parque Florestal do Monsanto, em Lisboa.

15h00 – Reunião com vários elementos dos grupos parlamentares na Assembleia da República.

Quinta-feira (dia 12) – Coimbra

11h00 – Delegação recebida pelo governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, no Governo Civil de Coimbra.

14h30 – Reunião com o Conselho Executivo do Centro de Estudos Sociais (CES) da Faculdade de Economia.

18h00 – Palestra no Foyeur (Teatro Académico de Gil Vicente), sobre as origens do Movimento dos Atingidos por Barragens; Quais as causas e as actuais lutas da associação e as questões da Amazónia e do Rio Madeira. Trata-se de uma iniciativa direccionada para a comunidade estudantil e apoiada pela Associação Académica de Coimbra.

21h00 – Palestra interactiva aberta à comunidade em geral, acção a ter lugar no anfiteatro do Instituto Português da Juventude e que conta com o apoio do CES, Pró Urbe, União de Sindicatos de Coimbra, Quercus, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (GAIA), entre outros.

Sexta-feira (dia 13) – Porto

16h00 – Palestra na Faculdade de Ciências do Porto (Campo Alegre), com o apoio da GAIA e da Quercus.

Sábado (dia 14) – Almada - Lisboa

17h30 – Palestra no Fórum Social Português e encontros com os vários movimentos ambientalistas e cívicos portugueses a convite do Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (GAIA).


O Responsável
Bruno Cortesão (Telm. 963080962; brunocortesao@sapo.pt)