Resposta à "Cruzada Internacional do Rosário de Fátima"
REFERENDO DOBRE O ABORTO – DIA 11
UMA POSIÇÃO DE REFLEXÃO
Sou católico interveniente e consequente desde os 12 anos, tendo começado a minha militância nos organismos de juventude da Acção Católica, Pré-JEC, JEC, JOC, LOC. Defendo e pratico a fidelidade conjugal absoluta, durando o meu único matrimónio de 36 anos. Tivemos 3 filhos, todos eles criados e educados dentro de valores e princípios cristãos, hoje já homens e mulher com a sua vida organizada e quadros superiores deste País, sem nunca terem tirado negativas ou chumbado qualquer ano ou cadeira, em qualquer grau do ensino.
Já temos 6 netos e netas, que ajudamos a criar na medida dos desejos e necessidades dos pais.
Pessoalmente nunca deixei de intervir social, humana e sindicalmente no âmbito da minha profissão e das comunidades por onde tenho passado e/ou vivido, dando testemunho prático, no terreno, no dia a dia, com os meus irmãos sejam quais forem e de que raça ou crença forem, da minha fé e da minha solidariedade. SEI QUE É ISSO QUE JESUS CRISTO ESPERA DE MIM, COMO CRENTE E BAPTIZADO!
É neste contexto e por tudo isto, QUE ME SINTO ENVERGONHADO PELO TEOR SECTÁRIO, VESGO, MÍOPE, ESTRÁBICO, DESTEMPERADO, INTOLERANTE, INSOLENTE, ARROGANTE, MENTIROSO, CIENTIFICAMENTE ERRADO, INTELECTUALMENTE DESONESTO, do Infomail em referência que fizeram chegar à minha caixa do correio como publicidade não endereçada.
Não se escondam atrás de um luxuoso "Infomail" cuja impressão e distribuição deve ter custado milhões, mais bem empregues em matar a fome e outras "fomes" a tantos semelhantes privados de tudo! Era mais decente e menos cobarde dar a cara e aparecerem a promover uma sessão pública de debate sobre a problemática em causa no "REFERENDO NACIONAL DO DIA 11".
Eu votarei "SIM" à "despenalização da IVG até às 10 primeiras semanas, se feita por opção da mulher e em estabelecimento público de saúde com condições de segurança para o fazer":
1º- Porque se trata essencialmente de um problema de consciência da mulher e/ou do casal, que a ela cabe decidir buscando livremente aconselhamento e não debaixo do cutelo da eventual condenação do Código Penal e da suspeição de vir a ser chamada "criminosa" em tribunal;
2º- Porque irá evitar progressivamente a chaga dos abortos clandestinos, feitos em condições sanitárias deficientes, em que muitos deixam sequelas físicas e mentais para toda a vida;
3º- Porque torna mais iguais nos direitos as mulheres pobres e as ricas, porque só estas até agora tinham possibilidades de irem a Espanha ou Inglaterra fazer abortos em segurança... e continuarem a gritar cá dentro "Não";
4º- Porque se trata de um problema de saúde pública, que tem de ser articulado com a educação sexual e o planeamento familiar;
5º- Nenhuma mulher consciente faz abortos por gosto. Mas quantas vezes a notícia de uma gravidez não prevista ou não planeada, constitui um drama para a mulher ou o casal desempregado, ou só um empregado, ou com compromissos de renda de casa e outros elevados, ou já com muitos filhos, etc. etc.
Eu sou católico e "Também sou Igreja", por isso deixo aqui o meu protesto pelo "miserável" panfleto e a minha posição sobre o assunto, com firmeza, experiência e convicção, mas também com abertura à pluralidade das ideias expressas sem mentiras e com honestidade intelectual.
Com os meus cumprimentos
Luis Augusto Fonseca e Costa
Lordemão, Coimbra
lfonsecacosta@hotmail.com
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