M!CporCoimbra

2008/03/02

"Poesia" de Obama inspira americanos para a mudança - Manuel Alegre


Estados Unidos[CSS, RTP/LUSA, 29-02-2008]

O poeta Manuel Alegre disse hoje que "o tom poético do discurso" do pré-candidato presidencial democrata Barack Obama tem inspirado um movimento de mudança na sociedade norte-americana, dando-lhe vantagem sobre a adversária do mesmo partido Hillary Clinton.

"A palavra poética volta a ser necessária", defendeu o dirigente socialista e ex-candidato à Presidência da República à revelia do PS, frisando que "a inspiração das palavras", que Obama suscita junto do eleitorado dos Estados Unidos, pode "levar a uma mudança".

Manuel Alegre intervinha em Coimbra, numa sessão da Comunidade de Leitores da Almedina Estádio, uma iniciativa da editora em parceria com o Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a docente Ana Paula Arnaut e a empresa de comunicação Ideias Concertadas.

O autor de "Praça da Canção" respondia a uma pergunta do historiador Luís Reis Torgal sobre "o papel da poesia na sociedade em que vivemos", em especial na sua relação com a política.

"Há ali um discurso de mudança", afirmou, realçando a importância para o futuro da América da disputa em curso entre Hillary e Obama.

Na sua opinião, "pode-se preparar um discurso político como quem faz um poema".

Elogiando a capacidade de Barach Obama se dirigir aos americanos num "tom poético", Alegre observou que o candidato negro do Partido Democrata está "a criar uma onda de mudança".

"O discurso novo que ele trouxe tem algo a ver com a poesia", acrescentou.

Para Manuel Alegre, os dois pré-candidatos democratas "estão a dar à Europa uma extraordinária lição de democracia", através dos discursos, mas também por se tratar de um negro e uma mulher na pugna pela presidência da pátria de Lincoln.

"Muita gente votou também em mim por eu ser um poeta, expressando uma necessidade de poesia, esperança e sonho na política", comparou o ex-candidato à Presidência da República de Portugal.

Questionado pela agência Lusa, Manuel Alegre, para quem a poesia corresponde a uma "um jogo encantatório" com as palavras, confessou que não gosta de ouvir os seus poemas declamados por outras pessoas.

"O actor quebra, teatraliza. Não gosto de ouvir a minha poesia dita por actores", sublinhou.

Para o poeta, natural de Águeda e ligado afectivamente a Coimbra, vice-presidente da Assembleia da República, "todos os poetas gostam de ler a sua poesia".

O professor universitário Abílio Hernandez, amigo de Alegre e antigo presidente da Coimbra 2003 - Capital Nacional da Cultura, salientou que Ulisses, herói grego da "Odisseia", é "uma figura que tem a ver" com a sua poesia.

"Tal com o poeta procura o verso que nunca há-de encontrar, também Ulisses regressa a Ítaca como mendigo", confirmou o autor de "Um Barco para Ítaca".

1 comentários:

Enviar um comentário

<< entrada