M!CporCoimbra

2006/07/15

Diálogos_1 do MIC/Coimbra: Intervenção de Mariana Dias

Mariana Dias, estudante do 1º ano da Faculdade de Direito da UC, é membro da Comissão Coordenadora do Núcleo de Coimbra do MIC


Os Jovens e a Participação Política

Num recente artigo da revista Pública, incluída na edição dos domingos do jornal Público, analisava-se o impacto actual que Che Guevara ainda tinha sobre os jovens. Sobre ele, dizia-se “É usado em comícios, no engate, no trabalho. Por razões ideológicas e estéticas. Para uns é sagrado, outros trazem-no sobre o peito com o mesmo à vontade com que trariam imagens de ditadores de direita”, o que traduz a amálgama de opiniões e de maneiras de ver a política pela juventude actual.

Mas, afinal, entre os que almejam a viagem de finalistas do Secundário para visitar o bar Havana, em Pas de La Casa, por causa das bebidas alcoólicas que serve e os que aqui estão presentes hoje, porque se interessam pela discussão de assuntos actuais e polémicos, haverá assim tanta diferença? Na minha opinião, sim, há.

Porque a participação política não é um hobby que possa ser levado a cabo quando nos apetece envergar uma t-shirt , mas sim algo a ser construído diariamente, quer seja vendo o telejornal e ser alertado para alguma novidade de que não se sabia e que consequentemente se divulga, ou discutir pontos de vista com amigos que apresentam posições contrárias.

Porque na política não há verdades absolutas: há posições, há pontos de vista que se debatem e se confrontam e aí está a essência da participação. O importante é discutir, indagar, perguntar, reflectir, não nos deixarmos alhear do mundo que nos rodeia e acabar de vez com a imagem de que a política é uma actividade chata, feita pelas pessoas que governam e que só nos querem prejudicar. Pois só o facto de alguém ter essa ideia mal concebida deveria ser motivo de fazer participar e tentar mudar as coisas. E se quem é mais velho já travou várias “lutas” e passou por várias desilusões, para os jovens este é ainda um mundo novo, onde podem ter esperança e correr o risco de serem chamados de utópicos.

A política terá de deixar de ser vista como um meio para atingir algum interesse pessoal. Acabar com a recorrente filiação em partidos e juventudes partidárias por interesses, para concorrerem a eleições locais e para se poderem vangloriar aos amigos que têm no telemóvel o número de não sei quem importante, para depois aparecerem apenas quando é para agitar bandeiras e gritar uma ou duas palavras de ordem.

A participação política (e a satisfação que dela se pode tirar) passa por ir distribuir flyers para a rua, ter contacto com as pessoas, ouvir o que o senhor idoso, que está na Baixa a dar de comer aos pombos, nos tem a dizer sobre a situação do país e depois, aí sim, ir a um comício cheio de gente e ver que o esforço foi recompensado e que valeu a pena. Porque as pessoas querem participar. Sempre que se liga a televisão ou se anda na rua ouve-se a constante necessidade de as pessoas se queixarem de algo (ainda que isto se possa qualificar do típico pessimismo português, é uma forma de expressão), de se manifestarem, nem que seja atropelando-se frente ao microfone de um atrapalhado jornalista para poderem dizer (gritar) a sua opinião.

Portanto, a vontade está lá. Falta, parece-me, a sua orientação e coordenação correcta para os objectivos a atingir e fomentar a participação ordenada, ainda que em movimentos sem estruturas tão rígidas como os partidos e onde as pessoas sintam que se podem expressar de acordo com aquilo que pensam, e não com aquilo que meia dúzia de dirigentes querem que todo o seu grupo pense. E, para isso, os jovens terão um papel fundamental, não se desacreditando da política e do poder que têm enquanto pessoas e cidadãos, de interferirem no seu país, na sua cidade, ou até só no seu grupo de amigos e colegas. Creio ser este um dos desígnios do MIC, que me levou a aderir a ele.

Para finalizar, faço apenas referência a outro artigo, desta vez publicado na revista Única, editada aos sábados com o Expresso: uma sondagem, realizada a 727 jovens com idades compreendidas entre os 16 e 18 anos, concluiu que 61,9% dos entrevistados acha que as eleições servem para alguma coisa. É uma maioria e, em democracia, são estas pessoas as representativas da vontade popular.

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