M!CporCoimbra

2007/05/14

Irritações

( no JN de 14 de maio )

Não se sabe para onde caminha 2007. Mas adivinha-se. Sabe-se que, no ano passado, o poder de compra dos portugueses voltou a cair. E que é preciso recuar até 1984 para encontrar um período tão penoso. Nem na crise de 1993, nem em 2003, o último ano de recessão, as remunerações de quem trabalha por conta de outrem sofreram tamanha penalização. Sabe-se que, este ano, vamos voltar a ter a pior taxa de crescimento de todos os países da União Europeia e que, apesar da contenção orçamental, Portugal deverá ser o único membro da zona euro a manter um défice excessivo. Há aspectos positivos, claro. A custo, muito a custo, sempre conseguimos beneficiar alguma coisita com a retoma europeia. Pouquinho. Mas é melhor do que nada.

Os dados, que irritaram o ministro das Finanças, constam no relatório semestral da Comissão Europeia. Teixeira dos Santos nega e diz que Bruxelas não sabe tudo sobre a nossa economia, questionando o modelo de previsões utilizado. Mas, se a Comissão não sabe, das duas uma ou é o Governo português que na sua visível modéstia não dá conta desses grandes avanços, ou há evidente malvadez da parte de quem manipula os números. Resta, claro, a terceira hipótese. A de que, de facto, os portugueses não sentem por igual o lento andamento da economia e a queda do poder de compra. Ficam de fora os gestores de empresas, públicas e privadas, seguramente dos mais bem pagos da Europa. Não é por acaso que Portugal, cujo Governo até já vendeu a política dos baixos salários como uma vantagem competitiva para os investidores, é tão apetecido por quem tem a missão de gerir
Largos, dias, Domingos, de Andrade, Chefe de Redacção