Manuel Alegre garante muitos socialistas na festa de esquerda
São José Almeida, no PÚBLICO de hoje
É uma sessão para celebrar Abril e Maio e juntará em palco o socialista Alegre, a pintasilguista Isabel Allegro e o bloquista José Soeiro
Manuel Alegre rejeita a interpretação que a direcção do PS deu à sessão pública que se realiza hoje à noite no Teatro da Trindade, em Lisboa, e garante que a Festa para celebrar Abril e Maio não se dirige contra o Governo do PS. Prova de que o encontro não é contra o PS é o facto de que irão nele participar militantes socialistas, salienta o seu promotor Manuel Alegre, que intervirá logo à noite, depois do deputado do Bloco de Esquerda (BE) José Soeiro e da independente Isabel Allegro de Magalhães.
"Não é um comício contra o PS e vai lá estar muita gente do PS, aliás, que foi mobilizada pelas declarações do doutor Vitalino Canas", declarou Manuel Alegre ao PÚBLICO, em jeito de reacção irónica às críticas que foram dirigidas à participação de socialistas na reunião de hoje pelo porta-voz do PS, Vitalino Canas, no sábado, depois da Comissão Nacional do PS.
"Ninguém da direcção do PS foi convidado para essa iniciativa e, como tal, trata-se de um evento que, ou prescinde do PS, ou é feito contra o PS", afirmou então Vitalino, acrescentando: "A participação de militantes do PS em eventos do Bloco de Esquerda não nos parece aconselhável, embora o PS seja um partido livre e que convive bem com a divergência."
Já num tom menos irónico, Manuel Alegre frisou que a sessão desta noite "não é uma coisa de partidos, é de pessoas, são pessoas que se juntam, vindas de origens diferentes para reflectirem em conjunto". E assume que a ideia partiu de si e de um grupo de apoiantes seus e que apenas não se realizou mais cedo por circunstâncias variadas, entre elas o facto de ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica.
"O objectivo é quebrar o tabu de que as pessoas de esquerda não podem estar juntas para celebrar o seu imaginário e reflectirem", explicou Alegre, sublinhando: "Vêm aí tempos complicados e tem de haver esquerda, a esquerda não se pode desencontrar permanentemente, há que procurar soluções e tem que se saber se existe alternativa à lógica neoliberal que domina hoje."
Pintasilgo "alinharia"
Isabel Allegro de Magalhães, dirigente do Graal, movimento católico de intervenção cívica, e catedrática da Universidade Nova de Lisboa, que irá intervir logo à noite, afirmou ao PÚBLICO que não estará no Trindade contra ninguém.
E explica: "Como cidadã e como cristã, estou preocupada com a situação do país e com o disparar da desigualdade social e da pobreza. É necessário fazer uma reflexão que se oponha, não ao Governo para o derrubar, mas à situação."
Representante dos sectores católicos de esquerda e antiga braço-direito de Maria de Lurdes Pintasilgo, Isabel Allegro de Magalhães declarou mesmo ao PÚBLICO: "Penso que se Maria de Lurdes Pintasilgo cá estivesse, alinharia num pensamento de oposição. Isto não é socialismo, é um Governo de direita."
Também Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, recusa que o seu partido tenha organizado a sessão. "A iniciativa foi organizada com clareza e rejeitamos que seja uma iniciativa do BE ou de partidos, é uma iniciativa de cidadãos de que salientamos precisamente a diversidade", afirmou Francisco Louçã ao PÚBLICO.
Para Francisco Louçã, o que "incomodou o PS" não foi a sessão em si nem quem a convoca, mas sim o facto de ser "uma iniciativa de diálogo aberto sem agenda escondida e ultrapassar em profundidade o domínio da pequena intriga política".
Vários movimentos
Os promotores da Festa de logo à noite representam diversos partidos e movimentos de esquerda e não apenas o PS e o BE. Quem o garante é o próprio Manuel Alegre, que frisa que estarão presentes pessoas que o apoiaram na sua candidatura à presidência da República, mas também representantes de outras forças políticas e sociais.
Entre os subscritores do texto que promove a sessão encontram-se de facto militantes do PS, como o fundador deste partido, José Neves, a deputada Teresa Portugal e o ex-deputado e ex-alto-comissário para a Imigração, nomeado por António Guterres, José Leitão, o ex-deputado e ex-autarca Joaquim Sarmento, bem como o ex-preso político e tarrafalista e antigo dirigente do PS Edmundo Pedro.
E também dirigentes do Bloco de Esquerda como o próprio secretário-geral, Francisco Louçã, os deputados João Semedo e Luís Fazenda, a ex-deputada e sindicalista Mariana Aiveca e o ex-deputado João Teixeira Lopes.
Mas são inúmeros os subscritores que não são nem do PS nem do BE. A começar pelos militantes do PCP Paulo Sucena e Domingos Lopes. Há também membros da Renovação Comunista, como o ex-líder parlamentar e ex-dirigente do PCP Carlos Brito e os médicos Paulo Fidalgo e Cipriano Justo.
Há ainda vários representantes do Movimento Intervenção e Cidadania, como Helena Roseta, o economista Jorge Bateria e o advogado João Correia. E até dirigentes da CGTP até ao último Congresso, como Ulisses Garrido. E, claro, independentes que se assumem como católicos de esquerda, como a oradora Isabel Allegro de Magalhães, dirigente do Graal, mas também o cantor e compositor Francisco Fanhais e a responsável pela Fundação Cuidar o Futuro, Fátima Grácio.
Isto para além de nomes como Abílio Hernandez, professor universitário, Ana Luísa Amaral, escritora, António Nóvoa, professor universitário, Camilo Mortágua, resistente, Cláudio Torres, arqueólogo, Elísio Estanque, professor universitário, Francisco Simões, escultor, João Cutileiro, escultor, José Faria e Costa, professor universitário, José Manuel Mendes, Luís Moita, professor universitário, Nélson de Matos, editor, Rui Mendes, actor.
Francisco Louçã recusa que tenha sido o Bloco de Esquerda a organizar a sessão de hoje à noite no Teatro da Trindade
"Não é um comício contra o PS e vai lá estar muita gente do PS, aliás, que foi mobilizada pelas declarações do doutor Vitalino Canas", declarou Manuel Alegre ao PÚBLICO, em jeito de reacção irónica às críticas que foram dirigidas à participação de socialistas na reunião de hoje pelo porta-voz do PS, Vitalino Canas, no sábado, depois da Comissão Nacional do PS.
"Ninguém da direcção do PS foi convidado para essa iniciativa e, como tal, trata-se de um evento que, ou prescinde do PS, ou é feito contra o PS", afirmou então Vitalino, acrescentando: "A participação de militantes do PS em eventos do Bloco de Esquerda não nos parece aconselhável, embora o PS seja um partido livre e que convive bem com a divergência."
Já num tom menos irónico, Manuel Alegre frisou que a sessão desta noite "não é uma coisa de partidos, é de pessoas, são pessoas que se juntam, vindas de origens diferentes para reflectirem em conjunto". E assume que a ideia partiu de si e de um grupo de apoiantes seus e que apenas não se realizou mais cedo por circunstâncias variadas, entre elas o facto de ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica.
"O objectivo é quebrar o tabu de que as pessoas de esquerda não podem estar juntas para celebrar o seu imaginário e reflectirem", explicou Alegre, sublinhando: "Vêm aí tempos complicados e tem de haver esquerda, a esquerda não se pode desencontrar permanentemente, há que procurar soluções e tem que se saber se existe alternativa à lógica neoliberal que domina hoje."
Pintasilgo "alinharia"
Isabel Allegro de Magalhães, dirigente do Graal, movimento católico de intervenção cívica, e catedrática da Universidade Nova de Lisboa, que irá intervir logo à noite, afirmou ao PÚBLICO que não estará no Trindade contra ninguém.
E explica: "Como cidadã e como cristã, estou preocupada com a situação do país e com o disparar da desigualdade social e da pobreza. É necessário fazer uma reflexão que se oponha, não ao Governo para o derrubar, mas à situação."
Representante dos sectores católicos de esquerda e antiga braço-direito de Maria de Lurdes Pintasilgo, Isabel Allegro de Magalhães declarou mesmo ao PÚBLICO: "Penso que se Maria de Lurdes Pintasilgo cá estivesse, alinharia num pensamento de oposição. Isto não é socialismo, é um Governo de direita."
Também Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, recusa que o seu partido tenha organizado a sessão. "A iniciativa foi organizada com clareza e rejeitamos que seja uma iniciativa do BE ou de partidos, é uma iniciativa de cidadãos de que salientamos precisamente a diversidade", afirmou Francisco Louçã ao PÚBLICO.
Para Francisco Louçã, o que "incomodou o PS" não foi a sessão em si nem quem a convoca, mas sim o facto de ser "uma iniciativa de diálogo aberto sem agenda escondida e ultrapassar em profundidade o domínio da pequena intriga política".
Vários movimentos
Os promotores da Festa de logo à noite representam diversos partidos e movimentos de esquerda e não apenas o PS e o BE. Quem o garante é o próprio Manuel Alegre, que frisa que estarão presentes pessoas que o apoiaram na sua candidatura à presidência da República, mas também representantes de outras forças políticas e sociais.
Entre os subscritores do texto que promove a sessão encontram-se de facto militantes do PS, como o fundador deste partido, José Neves, a deputada Teresa Portugal e o ex-deputado e ex-alto-comissário para a Imigração, nomeado por António Guterres, José Leitão, o ex-deputado e ex-autarca Joaquim Sarmento, bem como o ex-preso político e tarrafalista e antigo dirigente do PS Edmundo Pedro.
E também dirigentes do Bloco de Esquerda como o próprio secretário-geral, Francisco Louçã, os deputados João Semedo e Luís Fazenda, a ex-deputada e sindicalista Mariana Aiveca e o ex-deputado João Teixeira Lopes.
Mas são inúmeros os subscritores que não são nem do PS nem do BE. A começar pelos militantes do PCP Paulo Sucena e Domingos Lopes. Há também membros da Renovação Comunista, como o ex-líder parlamentar e ex-dirigente do PCP Carlos Brito e os médicos Paulo Fidalgo e Cipriano Justo.
Há ainda vários representantes do Movimento Intervenção e Cidadania, como Helena Roseta, o economista Jorge Bateria e o advogado João Correia. E até dirigentes da CGTP até ao último Congresso, como Ulisses Garrido. E, claro, independentes que se assumem como católicos de esquerda, como a oradora Isabel Allegro de Magalhães, dirigente do Graal, mas também o cantor e compositor Francisco Fanhais e a responsável pela Fundação Cuidar o Futuro, Fátima Grácio.
Isto para além de nomes como Abílio Hernandez, professor universitário, Ana Luísa Amaral, escritora, António Nóvoa, professor universitário, Camilo Mortágua, resistente, Cláudio Torres, arqueólogo, Elísio Estanque, professor universitário, Francisco Simões, escultor, João Cutileiro, escultor, José Faria e Costa, professor universitário, José Manuel Mendes, Luís Moita, professor universitário, Nélson de Matos, editor, Rui Mendes, actor.
Francisco Louçã recusa que tenha sido o Bloco de Esquerda a organizar a sessão de hoje à noite no Teatro da Trindade
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