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2006/11/05

Extinção da Ecovia? Não, obrigado!

Jornal de Notícias - Centro, 4/11/2006

NÚMEROS DA ECOVIA
"O serviço da Ecovia é espectacular"

Nelson Morais

Quinta-feira, 2 de Novembro, 9.50 horas. No Parque Sul da Ecovia, na Casa do Sal, em Coimbra, há quatro lugares de estacionamento livres, 139 ocupados. Um dos automóveis estacionados é o de Celina Matos, 21 anos. Acaba de chegar da aldeia de S. João do Campo e entra num dos dez miniautocarros da Ecovia, com destino à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC), onde é aluna finalista.

Celina Matos faz isto "quase todos os dias" e, por isso, é das pessoas que aguardam com expectativa a reunião, na próxima segunda-feira, em que a Câmara de Coimbra poderá decidir acabar com a Ecovia, ao fim de nove anos. A medida é proposta pelo presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, e justificada com os prejuízos financeiros deste serviço de transportes.

Consciente das enormes dificuldades em estacionar na Universidade e do "trânsito infernal" na Baixa de Coimbra, Celina Matos gostaria que a a Ecovia sobrevivesse aos critérios economicistas da autarquia. Se isso não acontecer, passará a entrar com o seu carro no centro da cidade e a estacioná-lo no Parque do Mercado D. Pedro V, ou no do "shopping" Avenida, adianta, num dos 16 lugares do miniautocarro, onde viajam mais quatro passageiros.

Pouco depois das 9 horas desta quinta-feira - entre um feriado e o fim-de-semana, assinala um motorista, garantindo que há menos passageiros do que o habitual - entra meia-dúzia de pessoas no miniautocarro que se prepara para arrancar do parque da Ecovia no Vale das Flores. Albino Gonçalves, professor, só tem tempo de dizer que a possível extinção da Ecovia "é uma estupidez, se querem evitar que as pessoas levem os carros para o centro da cidade". Minutos depois, envia uma SMS ao JN, contando que o miniautocarro onde seguiu "encheu nas paragens do Estádio e Girasolum e deixou pessoas em terra na paragem do Dolce Vita".

O administrador-delegado dos SMTUC, Manuel Oliveira, diz que, até às 9 horas, as viaturas da Ecovia "enchem". Já os motoristas ouvidos pelo JN garantem que isso também sucede à hora de almoço e fim da tarde. Entre estes períodos, as carreiras mantém a frequência de 15 minutos, apesar da procura decrescer.

Filomena Gadanha, 50 anos, mora na Quinta da Boavista, trabalha na Segurança Social e é cliente desde a primeira hora. "O serviço da Ecovia é espectacular", avalia, defendendo que a Câmara devia mantê-lo, "pelo menos, nas horas de ponta".

Mas o administrador dos SMTUC diz que a proposta que a Câmara quer fazer aprovar elimina o serviço actual dos miniautocarros, permitindo aos utilizadores dos parques da Ecovia viajarem nos autocarros convencionais. De resto, diz que o serviço tem tido um prejuízo anual de 300 mil euros (60 mil contos) e que, nos primeiros nove meses deste ano, apenas vendeu 245 mil títulos de viagem. Em 2005, esse número foi de 355 mil, em 2001 de 373 mil e em 1998 de 271 mil.

Serviço pouco divulgado

Ao contrário de Oliveira, praticamente todos os utentes da Ecovia ouvidos pelo JN defendem que esta não tem a procura desejada, por não beneficiar de uma aposta séria na sua promoção. "Houve muito pouca divulgação", aponta Celeste Santos, empregada de comércio, de 53 anos. Já Odete Bairrada, de 29, diz que a divulgação não chega. Para esta funcionária da UC, é preciso coragem para restringir o estacionamento e circulação do automóvel no centro da cidade.
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