M!CporCoimbra

2007/09/13

Reflexões

Perplexa vou-me dando conta do que vai acontecendo em Portugal, com a passividade, cumplicidade ou ignorância dos seus cidadãos.

Anestesiados com a história dramática de “ Maddie “, ou assustados com o que poderá vir a ser o seu futuro, são poucos os portugueses que vão reagindo às reformas e suas consequências na destruição do pouco estado social que ainda resta.

A repetição do discurso sobre a economia e as finanças transformaram estas nos grandes valores actuais, em que os números se tornaram, por si só, o princípio e o fim do desenvolvimento possível.

As pessoas e suas contingências são simplesmente tratadas, pelo poder, como efeitos colaterais negligenciáveis e necessários destas “ terapias “ de salvação nacional.

A disseminação de um discurso em que é reiterado que quem critica as reformas, total ou parcialmente, ou se preocupa com as suas consequências sociais, está imbuído de intenções perversas, rotulado de inimigo contra o desenvolvimento ou simplesmente de estupidez, tem dificultado ou impossibilitado a discussão pública e aberta de temas fulcrais e essenciais à existência de um estado que respeite e fomente a presença dos direitos fundamentais.

Confundir opiniões contraditórias com traição, emitir juízos de valor sobre quem contesta, são passos certeiros na formação de uma sociedade imobilista, submissa, amorfa, que nunca poderá ser nem trazer riqueza aos seus cidadãos nem ao país onde pertencem.

Sei que a economia é importante, sei que para se poder redistribuir riqueza esta tem de existir, sei que há reformas que têm de ser feitas, mas também sei que tudo isto só importa se existirem Pessoas.

E é isso que eu temo, que seja mais uma espécie em vias de extinção.

Alice S. Castro

2 comentários:

  • Alice:
    Concordo totalmente com o conteúdo do seu texto. Felicito-a pela oportunidade. Retrata a realidade política em que vivemos e focaliza a questão essencial da perda histórica de direitos sociais, conseguidos com tanto suor e muitas lágrimas. Não me conformo com estas "modernas" teses sobre a inevitabilidade do actual rumo das coisas. Tem que haver outro caminho.

    Um abraço,

    Teresa Portugal

    By Anonymous Anónimo, às quinta-feira, setembro 13, 2007 7:05:00 da tarde  

  • Obrigada Teresa.
    Enquanto houver Pessoas, tudo é possível.

    Um abraço,

    Alice S. Castro

    By Anonymous Anónimo, às quinta-feira, setembro 13, 2007 9:29:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< entrada