A revolta dos professores
Editorial da página do MIC Nacional ( 7/3/2008) - www.micportugal.org
Como nos escreveu Maria Amélia Campos, a escola pública não é hoje uma escola de elites, mas de massas, que se pretende integradora e inclusiva. Muitas vezes, acabam por ser os professores a procurar corrigir desvios sociais que não lhes competem, como pagar, do seu bolso, alimentação a alunos com fome.
Os professores não são operários numa linha de montagem, nem a escola é uma fábrica a trabalhar de empreitada numa concorrência desenfreada, para atingir “melhores resultados”, nem tão pouco os alunos são roscas e parafusos, para atarraxar como calha.
Há um enorme aventureirismo nas medidas que o governo quer impor à força. Não se podem decalcar reformas educativas de outros sistemas para o nosso, sem primeiro as estudar e fasear.
Mas eles não entendem, nem querem entender. Estão convencidos que são o Estado, que são a Lei, que são a Escola. Ainda não perceberam que não têm nenhum “mandato divino” para exercer o Poder em nome do Povo.
Os protestos sucedem-se. Nunca nenhum governo democrático conseguiu provocar tamanha unidade dos docentes contra as suas políticas educativas. Os ataques sistemáticos à dignidade profissional da classe docente, culminando no modelo iníquo de avaliação de desempenho e no novo modelo de gestão, levaram à unidade progressiva dos professores e à tomada de consciência que está em marcha uma “reforma” subordinada a uma agenda política oculta. O principal alvo é a escola pública e a qualidade do ensino, para abrir caminho aos negócios privados, tal como tem vindo a acontecer no sector da saúde.
Os professores não são operários numa linha de montagem, nem a escola é uma fábrica a trabalhar de empreitada numa concorrência desenfreada, para atingir “melhores resultados”, nem tão pouco os alunos são roscas e parafusos, para atarraxar como calha.
Há um enorme aventureirismo nas medidas que o governo quer impor à força. Não se podem decalcar reformas educativas de outros sistemas para o nosso, sem primeiro as estudar e fasear.
Mas eles não entendem, nem querem entender. Estão convencidos que são o Estado, que são a Lei, que são a Escola. Ainda não perceberam que não têm nenhum “mandato divino” para exercer o Poder em nome do Povo.
Os protestos sucedem-se. Nunca nenhum governo democrático conseguiu provocar tamanha unidade dos docentes contra as suas políticas educativas. Os ataques sistemáticos à dignidade profissional da classe docente, culminando no modelo iníquo de avaliação de desempenho e no novo modelo de gestão, levaram à unidade progressiva dos professores e à tomada de consciência que está em marcha uma “reforma” subordinada a uma agenda política oculta. O principal alvo é a escola pública e a qualidade do ensino, para abrir caminho aos negócios privados, tal como tem vindo a acontecer no sector da saúde.
2 comentários:
Pois é.
A actual reforma educativa visa unicamente empurrar a qualidade de ensino da generalidade das escolas para baixo. Basta ler o novo Estatuto dos alunos. Basta olhar para o novo diploma que regula o Ensino Especial. Ou para o Despacho Normativo 50/2005... e tantos outros produzidos pela actual legislatura que citá-los seria cansativo.
Com isto estão criadas as condições para que um nicho de mercado, preenchido por determinadas escolas que conseguem fugir a estas “inovações”, possa dar resposta a determinadas elites que, através de conhecimentos pessoais ou possibilidades económicas, conseguem preparar os seus filhos e netos para responderem às exigências impostas pela actual sociedade. Os outros, de “facilitismo” em “facilitismo” lá vão conseguindo certificar os seus saberes mesmo que, em muitos casos, haja mais certificados que saberes! Em suma, estamos a construir um sistema que visa reproduzir elites, por um lado, e acentuar as assimetrias sociais, por outro.
E o que choca mais é saber que tudo isto se está a implementar através de um partido que se diz de “esquerda”... Pois!
By Anónimo, às segunda-feira, março 10, 2008 10:21:00 da tarde
Começar a pensar o sucesso do sistema educativo pelo Estatuto da Carreira Docente (como se está a fazer actualmente) não me parece correcto nem eficaz.
Há vários anos que venho afirmando, também publicamente, que o maior problema do ensino não está na qualidade dos agentes mas na diversidade de ofertas formativas (com curricula dferenciados e de qualidade)
Não me vou estender mais sobre o assunto por ser muito extenso, no entanto deixo uma das ideias, defendida também há vários anos, potencialmente promotora de maior sucesso pessoal e escolar dos alunos:
- Escolaridade obrigatória desde o pré primário até ao actual 8º ano dividida em 2 ciclos de 5 e 4 anos.
Isto alteraria profundamente o paradigma actual de escolaridade obrigatória, especialmente porque conferiria ao actual 9º ano de escolaridade uma função diferente tornando mais universal o acesso a saberes BÁSICOS.
Claro que esta minha tese carece de debate (o que aqui não é possível de momento) para não agregar mal-entendidos.
Com as melhores saudações
Rei Neves
By Unknown, às quarta-feira, março 12, 2008 2:26:00 da tarde
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