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2008/06/04

Manuel Alegre critica política económica e aconselha "humildade" ao Governo

Abril e Maio - agora e aqui
04-06-2008- micportugal.org

O deputado socialista e Presidente do Conselho de Fundadores do MIC, Manuel Alegre criticou ontem á noite a política económica do Governo PS por não ter resolvido o défice social e aconselhou "humildade" para solucionar os problemas do País.

Os "alertas", como lhe chamou, foram deixados no encerramento do comício das esquerdas, no Teatro da Trindade, em Lisboa, em que participaram dirigentes do Bloco de Esquerda, ex-comunistas e dirigentes históricos do PS, partido do Governo.

"A minha lealdade é para com os portugueses e para os que votaram no PS e estão na pobreza", disse esta noite Manuel Alegre, deputado do PS, no comício contra as desigualdades e as injustiças sociais, que juntou em Lisboa militantes e apoiantes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, além de "históricos" do Partido Socialista.

Para o deputado socialista - que declarou estar no comício para "quebrar o tabu e o preconceito segundo o qual as esquerdas não se podem unir" - "a pobreza é um tragédia, não é uma fatalidade como a direita quer fazer quer, mas um problema estrutural que resulta de um esquema económico".

Perante uma sala cheia, o ex-candidato presidencial independente fez a pergunta do que tinha valido "às pessoas" o facto de as contas públicas estarem consolidadas, como reclama o Governo de José Sócrates, nunca nomeado directamente por Alegre nos quase 20 minutos de discurso.

A "grande questão", disse, é "como equilibrar as finanças públicas e o défice orçamental sem criar desigualdades sociais", dando, de seguida, a resposta:

"O grande défice continua a ser o défice social. E há outros défices na igualdade na distribuição dos rendimentos, na Educação, no primeiro emprego para os jovens, défice de esperança no futuro", disse.
Manuel Alegre garantiu que as suas palavras não eram "queixas", nem queria transformar a tribuna onde estava "num muro de lamentações".

Mas como os "factos" que apresentou "são teimosos", aconselhou "humildade" ao Executivo de Sócrates.

"Os factos são teimosos e exigem humildade", disse Alegre, citando o socialista espanhol Tierno Galvan.

O comício, que encheu os cerca de 500 lugares sentados do Teatro da Trindade, começou às 21:45, 25 minutos depois da hora, com uma evocação do 25 de Abril e a Edmundo Pedro, outro militante socialista, ex-tarrafalista. Nas primeiras filas, estiveram personalidades do Bloco de Esquerda, como Francisco Louçã e Miguel Portas, mas também militantes do PCP, como Paulo Sucena e Domingos Lopes, além da vereadora de Câmara Municipal de Lisboa Helena Roseta (ex-PS).

Na plateia do Teatro da Trindade, esteviram outras pessoas ligadas ao PS como José Neves, um fundador do PS, e Edmundo Pedro mas também o militar de Abril e ex-deputado da UDP Mário Tomé. As portas do teatro fecharam cerca das 21:30 - só entrava quem levantasse um bilhete - e a organização alugou uma sala no Espaço Chiado, para onde era transmitido o comício em directo.

A essa hora, cerca de 150 pessoas faziam fila à porta do teatro, o que causou alguns protestos, como foi o caso de um homem que exibia um cartão de militante socialista. O comício contra as desigualdades e as injustiças sociais juntou esta noite, em Lisboa, militantes e apoiantes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, além de ‘históricos’ do PS, como Manuel Alegre, o principal orador, além do jovem deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro e da professora universitária Isabel Allegro Magalhães.