Médicos em greve na próxima sexta-feira
( no Diário de Coimbra de hoje )
Descontentes com a actual política laboral do Governo, nomeadamente do Ministério da Saúde, os médicos vão paralisar na próxima sexta-feira como forma de protesto contra o que consideram ser a «destruição do Serviço Nacional de Saúde»
«Em defesa das carreiras médicas, de aumentos salariais justos e por uma verdadeira negociação colectiva» e, por outro lado, contra «a precarização do emprego médico através dos contratos individuais de trabalho (CIT), despedimentos e a mobilidade especial», factores que se traduzem na «destruição do Serviço Nacional de Saúde (SNS)». Estas são as principais razões que levaram o Sindicato dos Médicos da Zona Centro (SMZC), juntamente com os outros dois sindicatos que compõem a Federação Nacional dos Médicos, a convocar uma greve geral para a próxima sexta-feira, dia 30.
Em conferência de imprensa, o presidente do SMZC, Sérgio Esperança, explicou que «a questão das carreiras médicas, um elemento fundamental na estruturação da actividade médica», se encontra «em perigo» e, por esse motivo, «é necessário lutar pelas carreiras e ter presente o que estas têm sido e o que representam no futuro do país». O objectivo passa por obedecer a uma «linha de actuação e defesa» na qual a classe médica considera «ter de ser intransigente». Neste sentido, o sindicato, pela voz do presidente, teceu duras críticas ao Ministério da Saúde, por considerar que «não tem manifestado qualquer interesse em discutir esta questão ao longo dos últimos dois anos», recorrendo antes a «sucessivos adiamentos» de uma negociação que «deve ser aberta e contar com a disponibilidade das duas partes», defendeu.
Relativamente aos contratos individuais de trabalho (CIT), o sindicato considera que «ultimamente se tornaram uma norma sem regras bem estabelecidas» e que resultam da «intenção do ministério manter este tipo de contratação». Mas é preciso que os CIT sejam «enquadrados e discutidos numa óptica de um acordo colectivo de trabalho», até porque os médicos com este vínculo contratual «não têm forma de sair desta regulamentação». Segundo o sindicato, são cerca de 1.500 os médicos que não estão regulamentados, o que constitui um «sinal de grande precariedade laboral».
Sérgio Esperança sublinhou ainda que «as sucessivas alterações» que o ministro da Saúde, Correia de Campos, «tem introduzido ao nível do Sistema Nacional de Saúde» se têm pautado por «um esquecimento dos sindicatos dos médicos que deviam e podiam dar a sua contribuição às propostas feitas». E, tendo em conta esta situação, o sindicato «responsabiliza o ministro da Saúde que, como gestor de tudo isto, vai deixando as coisas deslizar, sem regras».
Relativamente à adesão a esta greve, o sindicato «conta com uma participação numerosa com sectores em que a adesão será total» e outros em que rondará os 80%, tendo em conta «os níveis de descontentamento partilhados por médicos, sindicatos e pela própria Ordem».
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