M!CporCoimbra

2006/08/30

Contrastes


Vila Ruiva


Lisboa

Aqui ficam duas fotos tiradas por mim nestas férias, que penso que exemplificam bem o contraste e a diversidade de espaços e locais existentes no nosso país.

2006/08/22

Cuba, Fidel e Transição: Pontos de Vista

Pelo seu interesse, inserimos o artigo de Boaventura Sousa Santos (Coluna - Visão, 11 de Agosto) e o artigo de resposta de Elísio Estanque (em publicação no Jornal de Notícias)

CUBA

Boaventura de Sousa Santos

Cuba está a entrar num processo de transição política cuja complexidade decorre da natureza e duração do regime ainda em vigor, do peso da personalidade de Fidel Castro e da ameaça de intervenção externa por parte dos EUA. Apesar de muitas da promessas da revolução não se terem cumprido e de serem ainda hoje visíveis na sociedade cubana alguns traços do período pré-revolucionário, a revolução cubana continua a ser uma referência fortemente enraizada no imaginário político para muitos dos que lutam contra a injustiça social. Nem os mais ferozes críticos de Cuba ousam equipar Fidel a Pinochet ou o regime de Cuba ao da Arábia Saudita. Quais as razões da perplexidade que Cuba suscita em alguns e do fascínio em outros?

A revolução cubana foi um dos acontecimentos mais notáveis da segunda metade do século XX. Um país empobrecido pela rapina das oligarquias, sujeito à constante tutela norte-americana ciosa em salvaguardar os seus vultuosos interesses económicos, transformado num imenso bordel e paraíso de máfias e governado por um ditador corrupto, Fulgêncio Batista, revolta-se em armas em nome dos ideais igualitários e humanísticos onde se salientam a reforma agrária, o efectivo acesso de todos os cubanos aos direitos à saúde, à educação e à habitação e a luta contra a dominação estrangeira. O êxito da revolução foi uma luz de esperança para milhões de latino-americanos oprimidos e explorados, ao mesmo tempo que deixou os EUA estupefactos perante a ousadia do desafio ao seu domínio regional por parte de um pequeno país, para mais situado a poucas dezenas de quilómetros. A reacção não se fez esperar e dura até hoje: invasão (Baía dos Porcos), tentativas de assassinato de Fidel Castro (que incluíram lapiseiras com tinta venenosa e charutos explosivos), guerra biológica (a CIA contaminou a ilha com germens de febre suína africana o que obrigou os cubanos a matar 500 mil porcos), bloqueios militares e o embargo económico condenado pelas Nações Unidas desde o início. Apesar disso, o povo cubano resistiu com êxito e é espantoso que o tenha feito perante um inimigo tão poderoso e tão pouco escrupuloso nos seus meios de ingerência.

O endurecimento ideológico, a dependência da URSS e o seu fim brusco, o embargo e a ameaça sempre iminente de uma invasão norte-americana impediram que muitas das promessas de revolução se realizassem, nomeadamente a democracia representativa e participativa e a melhoria do bem estar económico e social para toda a população. Mesmo assim são conhecidos os êxitos na área da saúde e da educação. A Casa das Américas é uma das instituições culturais mais notáveis de todo o continente, e ao longo de várias décadas a política externa de Cuba pautou-se pela solidariedade internacionalista, de que são exemplo os médicos cubanos que hoje trabalham em muitos países do chamado Terceiro Mundo, e o apoio a Angola na sua luta contra a invasão da África do Sul do apartheid.

Apesar do silêncio público, Cuba é hoje um cadinho fervilhante de ideias sobre a transição. E, pese embora as muitas diferenças entre elas, dois princípios as unem: a defesa intransigente da independência nacional; a busca de uma solução democrática que garanta a continuidade e o aprofundamento das conquistas da revolução. É difícil encontrar no mundo povo mais cioso da sua independência e da sua dignidade. E talvez aqui resida a contribuição mais importante de Fidel Castro para a luta dos povos por uma sociedade mais justa: a dignidade e a altivez de dizer Não à arrogância dos mais fortes. Aqui reside também o fascínio que a revolução cubana continua a exercer.


CUBA: TRANSIÇÃO DE ONDE E PARA ONDE?

Elísio Estanque*

Cuba voltou a atrair as atenções. No mundo conturbado em que vivemos, sempre que se coloca a questão da possível saída de cena do líder histórico da revolução cubana, o problema da “transição” é chamado ao centro da discussão pública, sobretudo pela esquerda, hoje desencantada e sem referências.

O recente artigo de Boaventura de Sousa Santos (Visão, 17/08/2006) revela uma posição que, apesar de alguma ambiguidade – com nuances como a referência às “promessas não cumpridas da revolução” – contemporiza, diria mesmo que simpatiza, com o regime cubano e relativiza o carácter ditatorial da liderança de Castro. E aí reside a minha discordância. Há neste texto de BSS passagens surpreendentes para quem, como eu, partilha muitos dos seus ideais e para quem se recorde das suas posições críticas da ortodoxia comunista. Concordo que Cuba suscita “perplexidade” para alguns, e “fascínio” para outros. Mas enquanto BSS se mostra fascinado, eu, mais do que perplexo, faço parte dos cépticos.

Perplexidade foi também o que senti ao ler que a revolução cubana foi “um dos acontecimentos mais notáveis da segunda metade do século XX (...), uma luz de esperança para milhões de latino-americanos oprimidos e explorados”. Não nego isso. Mas também a China de Mao e a União Soviética, simbolizaram para milhões o “paraíso na terra”, e Estaline foi até celebrizado como “o pai dos povos”. E daí?... A perseguição e prisão de milhares de activistas, jornalistas e dissidentes cubanos têm sido abundantemente denunciados em todo o mundo, e os testemunhos de grandes intelectuais de todos os quadrantes ideológicos há muito mostraram o tipo de sistema que vigora em Cuba (o próprio Che Guevara chegou a criticar, após o seu afastamento, o culto da personalidade promovido por Fidel).

BSS assinala a complexidade do processo de transição, mas logo no passo seguinte cai na simplificação. Obviamente que o boicote generalizado que os EUA impuseram a Cuba teve e tem efeitos devastadores sobre a débil economia cubana. Mas, quando, ao lado de outros aspectos, se refere a “dependência da ex-URSS e o seu fim abrupto” como uma das razões das promessas não cumpridas da revolução, poder-se-ia concluir que, nesse caso, um dos requisitos do êxito da revolução cubana seria a perpetuação do império soviético. Sei que o autor não defende isso, claro. Mas a sua formulação admite essa leitura.

Por outro lado, embora BSS se refira também ao “endurecimento ideológico” do regime, não retira daí as devidas consequências. Como se isso fosse uma questão menor. Além disso, mais do que a existência de “traços do período pré-revolucionário” importa saber os problemas gerados pelo próprio regime castrista. Para mim, a pobreza e a falta de liberdade são, acima de tudo, resultado da perversidade do sistema. Um sistema ditatorial de inspiração comunista, com as suas especificidades culturais e históricas próprias, e as particularidades carismáticas do seu líder. Num quadro em que a democracia não existe e os direitos humanos são diariamente agredidos, a imprensa manipulada pelo governo e os (poucos) utilizadores da Internet sujeitos a apertado controlo, qual o real significado do “bom” funcionamento dos sistemas de saúde e de educação?! A opção não pode ser nunca entre o pão e a liberdade. Aliás, em Cuba ambos estão ausentes. E a liberdade não tem preço.

Quando, em Fevereiro passado, estive em Havana durante uma semana (num congresso sobre «Universidad 2006 – La Universalización de la Universidad por un mundo mejor»), tive o privilégio de observar alguns dos paradoxos da sociedade cubana. De um lado, os longos discursos oficiais a emular a revolução e o seu líder, a glorificar o sucesso do sistema educativo (aplaudidos por Fidel, que lá estava em pessoa, na sessão inaugural), a resistência ao embargo, etc, etc. De outro lado, o contacto diário com os bairros pobres, as ruas esburacadas, as casas a cair e o povo carente. A ansiosa procura do turista em busca da esperada “recompensa” monetária, a oferta sexual por parte das meninas que rodeiam os hotéis, o relato de alguém que pagava uma prestação ao quadro partidário que lhe arranjou um emprego melhor, as infinitas bichas para o pão e produtos racionados à porta das “bodegas” do povo, etc, etc. Este contraste foi chocante. E para mim reflecte o contraste entre o socialismo tal como é pintado pelo regime e a dura realidade da vida do povo.

Não posso, pois, subscrever qualquer solução de continuidade, nem mesmo o “aprofundamento” da revolução. Ninguém sabe o que irá seguir-se. Pessoalmente, prefiro uma solução democrática, isto é, uma solução que garanta independência, bem-estar, desenvolvimento e liberdade política para Cuba.

* Sociólogo, Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra
http://boasociedade.blogspot.com
estanque@fe.uc.pt

2006/08/18

Sem comentários

2006/08/13

Quando os cidadãos reagem, as coisas mudam ...

Não sei quais foram as reacções, nos outros países europeus, em relação à possibilidade legal de uma empresa não contratar um funcionário só pelo facto de ele ser fumador. Imagino que as tenha havido. Em Portugal foram bastantes os artigos de opinião nos media relacionados com esse tema. Ao mesmo tempo que se indignavam com o facto em si, temiam pelos riscos futuros que tal precedente iria, forçosamente, criar.

Estamos num momento civilizacional em que as liberdades individuais mais elementares estão em perigo. Os conceitos mais maniqueistas entre bem e mal, certo e errado, estão a ganhar terreno neste mundo globalizado. Para ser possível um controlo efectivo da sociedade, usa-se e abusa-se perversamente do chavão "a nossa sociedade de liberdades está em risco", para em seguida se coartar essas mesmas liberdades segundo formas inimagináveis há uns anos atrás.

É no primado da economia que tudo é justificável ou que se pode ir procurar as justificações, se estas derem jeito.

Todos os avanços conseguidos no século XX - a evolução científica, tecnológica, económica - melhoraram as condições de vida. Por outro lado, o prazer tornou-se um bem consumível, publicitado e encorajado, sempre que a sociedade o considere como positivo. E uma das consequências deste tipo de consumo é a morte do desejo. Este deixou de ser algo que se idealiza (o que implica saber esperar e manter como objectivo até que as condições de vida possam permitir a sua concretização), para passar a ser "usufrua hoje, em prestações, o que nós garantimos ser o seu desejo".

É óbvio que a existência , por detrás deste tipo de consumo, de poderosas forças económicas, constitui a principal razão dos "novos moralismos" sociais: "o que foi bom ontem pode ser prejudicial e estigmatizante amanhã, ou vice-versa; nós é que sabemos o que é bom para si e o que você necessita".

Coisas tão naturais como a doença, o envelhecimento e a morte tornaram-se quase vergonhosas, sendo vividas, de preferência, às escondidas, recaindo sobre esses sujeitos a culpabilização e a censura social dos seus problemas.

Um dos exemplos mais gritantes, apesar de se conhecerem os problemas de saúde que os fumadores poderão vir a ter, é um dos avisos presentes nos pacotes de cigarros que diz: "Fumar mata". Por dedução lógica poderiamos chegar à conclusão (sem dúvida inaceitável) de que "Quem não fuma não morre".

A uma sociedade com características cada vez mais narcísicas, em que o "ter" é mais importante e mais poderoso que o "ser", junta-se um pseudo-moralismo normalizador em que os indivíduos deixaram de ser "seres únicos e insubstituíveis" para se tornarem em meros meios de que os governos se servem para os seus fins.

E o mais arrepiante é que, com o declínio e a desqualificação das ideologias como algo de ultrapassado, entendendo estas como posturas filosóficas para uma definição pessoal da vida, o que resta é o dinheiro.

Longe vão os tempos em que Marguerite Yourcenar, no seu livro "As Memórias de Adriano" escreveu: "... houve um tempo em que entre a morte de César e o nascimento de Cristo o que existia era o homem ...".

Desta vez a Comissão Europeia, penso que pressionada pelas reacções dos cidadãos, emendou a mão. Até quando?

Esta é mais uma razão para a existência e intensificação de movimentos cívicos.


2006/08/08

Pressão sobre Bush, Blair e Olmert para que parem a Guerra do Líbano - Assinar já!

Dear friends,

Right now a tragedy is unfolding in the Middle East. Thousands of innocent civilians have been killed or wounded in the bombings in Lebanon, Palestine and Israel and the death toll is rising every day. If the US, Syria or Iran get involved, there is a chance of a catastrophic larger war.

UN Secretary General Kofi Annan has called for an immediate ceasefire and the deployment of international troops to the Israel-Lebanon border, and been strongly supported by almost every world leader. This is the best proposal yet to stop the violence, but the US, the UK, and Israel have refused to accept it.

I have just signed a petition calling on US President Bush, UK Prime Minister Blair, and Israeli Prime Minister Olmert to support Kofi Annan\s proposal. If millions of people join this call, and we advertise our views in newspapers in the US, UK, and Israel, we can help pressure these leaders to stop the fighting. Go to the link below and sign up now!

http://www.ceasefirecampaign.org

With hope,

Provocações de tablóides de direita a Manuel Alegre e respostas à altura

Em consonância com posts anónimos colocados de véspera em sites do MIC (e provavelmente outros), o tablóide de direita Correio da Manhã (CM) fez-se mais uma vez voz (quem esqueceu o assassinato político de Ferro Rodrigues?) de uma central de difamação de políticos de esquerda, tentando desta vez criar suspeição e lançar o descrédito sobre Manuel Alegre. A pseudo-notícia foi aproveitada por outros media que, em vários casos, a trataram com ligeireza e subserviência (understatement?).

Felizmente há vozes que não se calam e que, independentemente da cor política, teimam em repor a verdade dos factos. Vozes que sabem, como o milhão de Portugueses que votaram em Manuel Alegre, que este é um homem honrado e impoluto. Que, ao contrário de outros, não se aproveita do seu estatuto para benefício pessoal ou de grupos que lhe são próximos, como ficou claramente demonstrado com a recusa em receber a pensão vitalícia a que tinha direito como ex-exilado político ou com a devolução (acto inédito!) do excedente do financiamento público da sua campanha eleitoral à Presidência da República.

Manuel Alegre não necessita de recomendações. No entanto, o Núcleo de Coimbra do MIC atreve-se a sugerir-lhe que: (i) apele aos leitores do CM, em muitos casos vítimas inocentes da iniquidade e manipulação jornalística, para que pressionem o tablóide a enriquecer o seu pobre acervo de notícias e opiniões com outras mais apelativas e lucrativas, como as referentes aos assuntos do coração, às perturbações sexuais das ovelhas Dolly, à transumância estival de políticos coloridos, ao palheiro que ardeu em Mira devido a um cigarro aceso a um Km de distância ou à fascinante atracção que jovens futebolistas exercem sobre os teens, jovens e seniores, de todos os quadrantes e orientações; (ii) apele à direcção do tablóide para que, na linha justiceira que é seu timbre e em prol da nossa saúde mental, divulgue sem receio os rostos escondidos da central de difamação que o alimenta regularmente. Teríamos seguramente surpresas – e muitas!

Entre outras, as vozes da liberdade incluem: Vital Moreira (posts “Não pode valer tudo”, colocados no blogue Causa Nossa em 26/7); Pacheco Pereira (post sobre “Águas turvas”, colocado no blogue Abrupto em 26/7); São José Almeida (artigo “Manipulações”, publicado no jornal Público em 29/7 – transcrição integral num dos próximos posts deste blogue). Para mais informações, recomendamos uma consulta ao site de Manuel Alegre.

2006/08/06

HOJE OS FUMADORES, AMANHÃ QUEM MAIS?

Nota Prévia:
No seguimento do tema que originou o post "Virtudes públicas, vícios privados", parece-me importante transcrever, sobre o mesmo tema, o editorial do Público de 6 de Agosto da autoria de Paulo Ferreira , com o título "Hoje os fumadores, amanhã quem mais?"


"Já que é proibido fumar nos locais de trabalho, por que não ir um pouco mais longe e impedir a contratação de fumadores? Parece apenas mais um passo mas não é. Entre uma coisa e outra há uma diferença abismal.

O debate nasce depois de uma empresa irlandesa ter lançado uma acção de recrutamento de funcionários avisando que os "fumadores escusam de responder". Questionada sobre o caso, a Comissão Europeia acaba de declarar que nas leis comunitárias nada impede que uma empresa discrimine os fumadores. A discriminação é punível se for feita com base no sexo, religião, raça, etnia ou orientação sexual. Mas não é proibida se for feita contra fumadores. E se não é proibida é permitida.

Quando se proibe o fumo nos espaços de trabalho ou outros de acesso público estamos a tentar um equilíbrio entre direitos: a saúde e o bom ambiente dos que não fumam e o prazer, arriscado mas voluntário, dos que fumam. Para isso obrigam os fumadores a matar o vício em espaços próprios ou mesmo na rua, prática que é hoje corrente e pacífica.

Mas quando se decide excluir um candidato a um emprego apenas por ele ser fumador, ainda que tenha um curriculum adequado à função, entramos na esfera do julgamento de comportamentos e opções estritamente individuais. Esse é um passo muito perigoso, que nem as leis anti-tabágicas mais draconianas, como a irlandesa ou espanhola (e a portuguesa está em preparação), ousam dar. Por isso se tem ficado sempre na tentativa de impedir que os direitos dos que fumam esmaguem os dos não fumadores.

Para lá disto, deve um fumador ser punido apenas porque o é? Obviamente que não. O caso da empresa irlandesa e a resposta de Bruxelas abrem essa "caixa de Pandora".

Em Espanha, há quatro anos, foram parar às páginas dos jornais os documentos de um processo de selecção de operadores de caixa para uma cadeia de supermercados, a Sánchez Romero. Nas anotações feitas pelos entrevistadores nos currículuns dos candidatos apareciam avaliações como "cubana e com bigode", "não por ser cigana e feia", "estrangeiro, gordo, parece o Pancho Villa", "pai alcoólico", ou "estrangeiro, mete medo, parece índio".

É óbvio que este tipo de discriminação no acesso ao emprego acontece todos os dias, por mil e uma razões, e de forma não declarada.

O problema novo está na cobertura legal que pode ser dada a este tipo de avaliações, transformando em legítimo aquilo que pode ser aterrador, ainda que se possam invocar critérios empresariais como as faltas por doença, que são em número superior no caso dos fumadores. A questão está em saber se é esse o caminho que queremos seguir, reservando o futuro a seres humanos perfeitos, sem vício nem mácula, sem doença nem defeitos, feitos a a partir de um qualquer molde.

Esse mundo será certamente mais produtivo. Mas será também um local assustador, profundamente triste e desinteressante."

2006/08/05

Virtudes públicas, vícios privados

Li hoje, no Jornal Digital, que a UE permite que uma empresa não contrate um trabalhador por ele ser fumador. Não se trata da questão de poder ou não fumar nos locais de trabalho, mas sim o simples facto de ser detentor desse vício vil. Pode ser pedófilo, assassino, ladrão, etc, que, como todos sabem, não são qualidades de que se faça alarido. Mas fumador... NÃO!!! Que países são estes, autodenominados civilizados, que taxam os fumadores (onde me incluo) com impostos pelo "vício maligno", descriminando-os em seguida quando procuram trabalho? É mais honesto, apesar de pouco inteligente, proibir o tabaco e decretar outra "Lei Seca", semelhante à dos USA dos anos 30 em relação ao álcool - que, como todos sabem, tão bons resultados deu! Que educação e formação estamos a oferecer aos nossos jovens quando se anuncia que o que é importante são as "virtudes públicas e vícios privados"? Isto, esperemos, só pode ser um dos sintomas da "silly season"...